sexta-feira, 16 de abril de 2010

O menino.

Devagar olhei nos olhos dele. Os mesmos brilharam com a luz que invadia as janelas do hospital.
Aproximei do pequeno. Acariciei seus cabelos e sorri.
Ele puxou minha mão, levou até seu pequeno peitinho. Céus! Como estava fraco. Seus pulmões estavam com problemas e a falta de ar atacava-lhe sempre. Meus olhos não eram de pena, dó ou qualquer sentimento assim. Um menino de 12 anos, careca de nariz arrebitado sabia bem o que fazia quando pediu para que eu sentisse seu coração.
- Querido.. você está melhor que a semana passada.
- Eu sei, tia. Por isso quero que sinta-o com todo fervor. Ele está batendo mais rápido, e suas pulsadas são tons de música a meus pulsos.
- Pequeno.. eu queria muito te ajudar mais!
- Sorria, tia. Mostre que na minha presença seus dentes apareceram.. mostre que não causo apenas dó nas pessoas.
- Você me causa algo feliz. Como uma sementinha de girassol.
- Odeio o sol!
- Eu também!
- Sorria..
- Me ajude!

O garoto abriu os lábios e a risada adornou-lhe a cara. A sobrancelha desceu, as bochechas se espremeram.. e pela primeira vez em toda minha vida, ví um menino nascer.
Pousei meus dedos novamente em seu tórax. O coração estava lá.. batendo.. pulsando..
Meu sorriso não demorou a aparecer.

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