quarta-feira, 4 de agosto de 2010

- enquanto isso..

O dia não estava ensolarado, claro. O frio não arrega, não descansa e esconde os mais fracos dentro de casa.
Enquanto isso acontece, tento sair da varanda, monto minha cadeira de praia ao pé da janela. Escuto coisas dentro de casa, escuto as conversas do pai e mãe, e minha irmã cantando músicas suaves dentro do quarto.
Escuto no velho rádio da fazenda, Chico Buarque. Que canta somente para mim, me dá forças a cada 'anos dourados' que recita, a cada dedilhado forma a cena em minha mente, aquela que partiu meu coração em vários pedaços, dei para ele juntá-los, mas os jogou ao chão. Sem dó.
È claro.. esperei muito de alguém parecido comigo, mas as fotografias mostravam tantas sépias bonitas.
Voltei a cena primeira, aquela que as mãos pairavam em cada detalhe do corpo, os fios se arrepiavam, da nuca até os braços.. ele sabia me deixar daquela forma, aberta, sem vergonha, com vontade de mais.. delicadamente, com as costas da mão, acariciava meu braço, beijou meu pescoço.. roçou os lábios perto da orelha.. amoleci. Caí.
Fui arrancada do devaneio com um belo susto. Morena estava no meu colo, aqueles bigodinhos eram lindos e me fizeram feliz durante um tempo.
Sorri.
As primeiras gotas bateram ao chão, e Morena voltou correndo para casa! Levantei da cadeira e cheirei o lugar, nada me deu mais prazer.
O Chico entrou novamente em meu cérebro.

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