domingo, 18 de julho de 2010

O tocador.


Existe uma história que rodeia meus pensamentos há um bom tempo.Devo escreve-la aqui para não me pertubar mais.
Há algum tempo conheci um senhor de boa idade. Cartola alta, terno fraudinha bem alinhado e modos excelentes. Acho que por culpa dele me apaixono por homens mais velhos. Bom.. eu estava em um restaurante de uma pousada , não muito chique, mas ainda pequena tinha um leve sorriso inocente. Sorria para todo mundo - isso é algo que minha mãe sempre diz - sempre fui muito fácil. E não foi diferente com esse moço, depois de eu comer , fui ao cantinho do karaokê. Lá permanecia os bêbados e suas mulheres cantando bons sambas, as menininhas cantando Xuxa , o que nunca me apeteceu, e diferentemente dos outros dias, um homem alto de chapéu e uma moça a seu lado. Linda, um vestido de verão vermelho trançava seu belo corpo e é desta forma que me lembro dela. Talvez a mulher mais bonita que tenha visto e admirado. As madeixas curtas e negras, olhos grandes e claros , pele branca e um sorriso alvo. Talvez mais do que o meu, naquela época. Já o homem acompanhava minha inspiração e não tinha menos classe. De fato era mais antigo, um rosto sábio e bem vivido. Criança que era, fui até eles. Parei na frente de suas cadeiras e me sentei ao chão. Observava, sempre, agora eles escolhiam a música perfeita para um dueto e como eu queria que sorrissem para mim. A moça me viu lá sentada e me cumprimentou com um aceno leve de cabeça, o homem não me viu. Levantou da cadeira para cantar e ajudou sua acompanhante.
A música começou, e eu cantei junto. Elis Regina era fácil, escutava todos os dias enquanto minha mãe limpava a casa. Ao ver que eu conhecia a canção, a dama de vermelho esticou seu microfone para mim. Porra, estava fazendo um belíssimo trabalho junto com seu parceiro, mas eu não podia dizer não. Era um pedido sem palavras, me atacou feito fera. E tão vítima que fui, cantei o resto da música com meu mais novo parceiro. Percebi que algumas pessoas olharam para minha cantoria mal feita. Na hora me senti envergonhada e devolvi o microfone, sentei então na cadeira recém esvasiada ao lado da dama de vermelho. Lá, eu a conheci. Conversamos pouco, ela me tratou como uma 'tia e sobrinha' e eu a tratei como 'fã e idolo'. Cantei muito mais naquele dia junto com ela, com ele.. até que ouvi o grito de minha mãe para ir embora. Poxa! Larguei eles lá. De manhã, voltei ao restaurante para um café da manhã gostoso e depois pscina até anoitecer. Os encontrei novamente, ela - linda. Ele - classico, antigo e uma paixão bateu em mim. Não sabia que era esse o sentimento, mas algo a mais tinha. Não era possível eu saber que senti 'paixão-pela-primeira-vista' então, ia atras do casal. Uma vez, duas, três.. até arrancar dele um sorriso e uma conversa. Quase depois de três dias indo atrás do karaokê, pegando amor por cantar, pela moça e por ele.. sua voz é direcionada a mim e meus ouvidos são apenas seus.
- A mocinha vai cantar hoje?
- V..vou sim!
Céus! Cantei com ele Chico Buarque. Para uma criança boba, saber Chico é esquisito. Mas eu escutava em casa, então sabia algumas rimas, alguns versos e cantei sim. Que lindo. No dia seguinte ganhei um pirulito dele, e minha mãe passou a conversar com o casal também. Afinal, hoje, são amigos, e minha paixão ainda não passou. Hoje, conversamos muito sobre literatura, talvez seja também por conta dele que li tanto. Um advogado maravilhoso, um homem maavilhoso, uma esposa linda. Filhos apaixonantes e conhecedores de Chico Buarque. Talvez essa amizade tenha começado por minha culpa, talvez estivesse escrito para isso acontecer. Talvez suas palavras hoje, comigo, são bem mais ternas do que naquelas manhãs. Mas eu queria voltar um pouco no tempo, agarrar suas pernas altas e recitar o que eu sabia de Caetano, Djavan, Bethânia. E ele sorriria para mim. Enfim.. só tirei um sorriso desse cavalheiro quando me formei na quarta série. Temos uma foto juntos. HAHA, depois fotos no lançamento do meu conto. Depois , quando ele descobriu que minha depressão estava sendo curada e as amizades que me atrapalhavam estavam fora de alcance de reatamentos. Ele sorri para mim , mas nunca comigo. Sua esposa, a minha dama de vermelho é uma grande amiga. Uma grande admiração, e hoje, com seus 50 anos, é uma das morenas mais LINDAS que tenho a honra de sair.
Eles me encantaram demais. São a marca dentro do meu coração. Não fizeram nada para que eu me apaixonasse por eles, mas meu coração .. meu inútil coração é grande parte deles.

Agradeço a leitura de quem chegou até aqui, um grande beijo para Fernandes e Erica , grandes amigos da família, padrinhos do meu irmão e meus idolos.
<3

- S2
Agora que terminei de contar uma das histórias (por cima!) da minha vida, deixo aqui
um pedaço de música.

You're a falling star,
you're the get away car
You're the line in the sand when
I go too far
You're the swimming pool on an August day
And you're the perfect thing to say
And you play it coy, but it's kind cute

Ah, when you smile at me you know exactly what you do
Baby,don't pretend that you don't know it's true
Cause you can see it when I look at you
And in this crazy life, and through these crazy times

It's you, it's you, you make me sing
You're every line,
you're every word,
you're everything."

/ Michael Buble.

Agora me vou.
Sinto necessidade de pensar, de chorar, de ver minha família
mais um pouco esse final de semana.
:D


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